Sacos plásticos viram os vilões da ecologia
Projeto pretende substituir sacolas de material plástico por biodegradável.
Consumidores não querem voltar ''aos tempos da vovó'' com bolsas de pano.
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Governo de São Paulo veta lei que obriga uso de sacola biodegradável
O governador vai analisar o projeto e, em aproximadamente 15 dias, o documento deverá ser encaminhado para votação na Assembléia Legislativa do Rio (Alerj). Na terça-feira (31), o secretário recebeu o apoio de representantes da Federação do Coméricio do Rio de Janeiro (Fecomércio) para o projeto.
Um bilhão de sacos plásticos e 900 milhões de garrafas PET, por ano
Para viabilizar a substituição dos sacos plásticos, lojas de grande porte, como supermercados e redes de farmácia, irão recomprar 25% do material reciclado de catadores de lixo, ao longo de um ano. Neste prazo também, os comerciantes se comprometeram a trocar, gradativamente, as sacolas plásticas pelas de papel.
Segundo Minc, o objetivo da lei é acabar com excesso de material plástico jogado na rua. O secretário calcula que circulem no comércio do Rio cerca de um bilhão de sacos plásticos e 900 milhões de garrafas PET, por ano. Cada família utilizaria por ano 66 sacos por mês, descartando no lixo 40 quilos de plástico por ano.
“Precisamos conscientizar a população. Os sacos plásticos levam anos para se degradar. Entopem bueiros, poluem rios e lagoas. O governo gasta cerca de R$ 15 milhões por ano para dragar os rios. O comércio não vai querer ser o vilão da ecologia”, disse Minc.
Troca por feijão
Para estimular o que chama de consumo consciente, o secretário vai propor aos supermercados que montem um balcão e promovam a troca de 50 sacos plásticos por um quilo de feijão. Ou passem a cobrar pelas sacolas distribuídas.
“Queremos repetir o sucesso do movimento de reciclagem das latas de alumínio”, destacou o secretário.
De acordo com o projeto, a mudança será gradativa. Ou seja, o comércio terá de seis meses a um ano para se adaptar às novas regras. Além de alternativas como as sacolas de papel ou de pano, o comércio poderia usar o saco de plástico ecológico, feito a partir do milho.
Para o assessor da Diretoria Técnica e Industrial da Comlurb, José Henrique Penido, a solução ideal é a sacola de pano. Ele diz que o chamado plástico ecológico, biodegradável, também é derivado do petróleo e agride o meio ambiente por ter metais pesados em sua composição.
Penido diz que o plástico produzido a partir do milho, embora se degrade em menos tempo – cerca de três meses - produz gases que provocam o efeito estufa. O saco de papel é uma alternativa menos poluidora. Embora a decomposição da celulose produza gases nocivos ao meio ambiente, o papel pode ser reciclado.
“O ideal seriam as bolsas retornáveis, que os consumidores levam para casa e não jogam no lixo depois de usá-las”, disse o diretor lembrando que os sacos plásticos são as principais causas de enchentes devido ao assoreamento de rios.
Antes mesmo de sair do papel, o projeto de lei que transforma o saco plástico no principal vilão poluidor do meio ambiente no Rio, causa polêmica. Principalmente, entre consumidores, que em nome da prática, rejeitam a idéia de ver supermercados adotarem a volta da sacola de papel parar carregar compras.
E nem querem pensar na possibilidade de regressar ao tempo da vovó, quando cada um saía de casa para fazer compras levando a sua própria sacola de pano ou de lona.
A consumidora Regina Magalhães acredita que existem outros meios de se combater a poluição e conservar o meio ambiente. Ela é contra a substituição dos sacos plásticos nos supermercados.
“Quem faz compras sabe que sacola de papel não agüenta peso. Principalmente quando molha. Nos Estados Unidos o saco de papel funciona porque todo supermercado tem um estacionamento amplo. O plástico é mais resistente para quem anda de condução”, contestou Regina.
Já a dona-de-casa Sebastiana Guimarães comemora a decisão do governo de combater os sacos plásticos. Ela lembra que levou um tombo e quebrou o pé meses atrás, quando escorregou ao pisar num saco jogado na rua.
“Os sacos sujam a rua toda, ficam agarrados nos bueiros. Sofri um acidente e tive de gastar R$ 900 em medicamentos. Vai melhorar muito o aspecto das ruas”, disse a dona-de-casa.
A publicitária Marcela Paixão espera que o comércio encontre um meio termo entre a praticidade do saco plástico e a defesa do meio ambiente.
“E quem decide fazer compras quando já está na rua, como vai fazer? Dá para imaginar alguém saindo para trabalhar carregando dezenas de sacola de pano debaixo do braço? Alguém tem de pensar numa solução prática. Não dá para voltar aos tempos da minha avó”, ponderou a publicitária.
Fonte:Portal G1. com 02/08/07 - 10h13 - Atualizado em 02/08/07 - 10h25